Cruzei o portão do templo do Saboro Nossuco no final da tarde da última quarta-feira. Prestei uma breve reverência aos três rottweilers que asseguram a integridade física do proprietário e rapidamente entrei para me abrigar do frio e da chuva. Lá fora, as árvores tremulavam sob o vento gelado.
Saboro Nossuco é o alter ego oriental de Antonio Thadeu Wojciechowski. O templo é a casa do Polaco da Barreirinha, como ele passou a ser chamado depois que se mudou para aquele bairro e, também, por conta de seu blog: polacodabarreirinha.wordpress.com.
Cercado pela Mata Atlântica, o local é ponto de encontro de poetas, músicos, escritores, artistas em geral e dos inumeráveis amigos que o Professor Thadeu arregimentou durante sua jornada incansável pelo universo da literatura, da música e da publicidade.
Thadeu nasceu no dia 24 de dezembro de 1950, às 23:45, em casa (imediatamente liga para o pai porque não lembra do nome da rua onde moravam naquela época: “Bruno Filgueira, perto da Igreja dos Passarinhos”). E segue falando do bisavô herói*, dos pais e irmãos: “dificilmente você se livra das coisas que aprende na infância”.
Estudou no Colégio Júlia Wanderley e sempre foi o melhor aluno. Tentou o curso de Economia; mas, logo desistiu e foi fazer Letras, na Católica, formando-se em 1976. No ano seguinte já era professor do CEFET, onde lecionou até 1983. Depois, seguiu trabalhando com publicidade.
De Paulo Leminski, diz: “conheci-o no lançamento do Catatau (1975). Nesse dia, ele estava insuportável”. Tornaram-se amigos e Thadeu lembra que, uma semana antes de morrer, Leminski leu a tradução de O Corvo** no lendário Moby Dick, para deleite dos frequentadores.
Em março de 1978, conheceu Roberto Prado; um mês depois, o irmão mais novo, Marcos. E em outubro já estavam lançando o livro de poemas Sala 17, na Casa Romário Martins. Com os irmãos Prado, como parceiros mais presentes, escreveu e publicou centenas de poemas e dezenas de livros.
Dessa época, recorda-se do Bebedouro, ponto de referência e reduto da intelectualidade: “todo mundo passava por lá”. E das madrugadas tranquilas, quando se podia andar com segurança pela cidade toda.
E ainda nos divertimos muito comentando o caso Solana Star, o navio que despejou 15.000 latas de maconha (pesando 1,25 Kg cada) procedente da Indonésia, no litoral entre Espírito Santo a Santa Catarina, em novembro de 1987. Na época, “da lata” tornou-se a gíria para designar qualquer coisa de excepcional qualidade.
Thadeu publica um poema todo dia no facebook. “Já foram mais de 800”, afirma. Critica a mídia em geral, indagando: “que imprensa?” E conclui: “eu só agüento a Curitiba de hoje porque tenho amigos criativos que estão sempre por perto!”
Projetos
Thadeu tem um novo livro de poemas pronto, cujo nome será Thadeu 3 ou Cri-me: “um libelo contra o ego”. A obra será lançada em breve no Rio de Janeiro, por Tavinho Paes.
Com Troy Rossilho e Luiz Felipe Leprevost, está compondo 12 músicas com pegada punk que eles chamam de “Canções de Guerra para Ogros Cantarem”.
Em 2012, será a vez das famosas “Novelhas”. “O dia que eu matei Wilson Martins” e “A vingança do povão”, épicos poéticos que Thadeu postou em seu blog, chegam em forma de livro.
O Língua Madura, colaboração com Bárbara Kirchner e Otávio Camargo, já é assunto para uma outra matéria.
Sobre sua produção incessante, explica: “a racionalidade é importante; mas, é apenas 50% do negócio. Sensibilidade e compaixão devem estar sempre ali, lado a lado”. E finaliza: “poeta de cabeça é um poeta sem cabeça!”
*Jan Wojciechowski, polaco de Mlava, ativista político, herói de sua cidade, nasceu em 22 de outubro de 1874 e faleceu em Curitiba no dia 9 de maio de 1936. Homem de temperamento forte, orgulhoso e consciente de suas capacidades intelectuais, era acima de tudo um humanista e extremamente solidário às causas da Polônia, na época dominada e dividida entre russos, alemães e austríacos. E foi lutando contra os invasores que se notabilizou, salvando centenas de famílias da morte e da perseguição implacável do exército da Czarina, ajudando-as a atravessar as fronteiras.
** Tradução do poema de Edgar Allan Poe por Antônio Thadeu Wojciechowski, Roberto Prado, Marcos Prado e Edilson Del Grassi. Publicado na revista Raposa, em 1985 e republicado em Os Catalépticos, Lagarto Editores, Curitiba, 1991.
Saboro Nossuco é o alter ego oriental de Antonio Thadeu Wojciechowski. O templo é a casa do Polaco da Barreirinha, como ele passou a ser chamado depois que se mudou para aquele bairro e, também, por conta de seu blog: polacodabarreirinha.wordpress.com.
Cercado pela Mata Atlântica, o local é ponto de encontro de poetas, músicos, escritores, artistas em geral e dos inumeráveis amigos que o Professor Thadeu arregimentou durante sua jornada incansável pelo universo da literatura, da música e da publicidade.
Thadeu nasceu no dia 24 de dezembro de 1950, às 23:45, em casa (imediatamente liga para o pai porque não lembra do nome da rua onde moravam naquela época: “Bruno Filgueira, perto da Igreja dos Passarinhos”). E segue falando do bisavô herói*, dos pais e irmãos: “dificilmente você se livra das coisas que aprende na infância”.
Estudou no Colégio Júlia Wanderley e sempre foi o melhor aluno. Tentou o curso de Economia; mas, logo desistiu e foi fazer Letras, na Católica, formando-se em 1976. No ano seguinte já era professor do CEFET, onde lecionou até 1983. Depois, seguiu trabalhando com publicidade.
“Eu tenho uma saudade imensa da Curitiba
dos pinheiros, das praças, dos 350 mil habitantes”
dos pinheiros, das praças, dos 350 mil habitantes”
De Paulo Leminski, diz: “conheci-o no lançamento do Catatau (1975). Nesse dia, ele estava insuportável”. Tornaram-se amigos e Thadeu lembra que, uma semana antes de morrer, Leminski leu a tradução de O Corvo** no lendário Moby Dick, para deleite dos frequentadores.
Em março de 1978, conheceu Roberto Prado; um mês depois, o irmão mais novo, Marcos. E em outubro já estavam lançando o livro de poemas Sala 17, na Casa Romário Martins. Com os irmãos Prado, como parceiros mais presentes, escreveu e publicou centenas de poemas e dezenas de livros.
Dessa época, recorda-se do Bebedouro, ponto de referência e reduto da intelectualidade: “todo mundo passava por lá”. E das madrugadas tranquilas, quando se podia andar com segurança pela cidade toda.
E ainda nos divertimos muito comentando o caso Solana Star, o navio que despejou 15.000 latas de maconha (pesando 1,25 Kg cada) procedente da Indonésia, no litoral entre Espírito Santo a Santa Catarina, em novembro de 1987. Na época, “da lata” tornou-se a gíria para designar qualquer coisa de excepcional qualidade.
Thadeu publica um poema todo dia no facebook. “Já foram mais de 800”, afirma. Critica a mídia em geral, indagando: “que imprensa?” E conclui: “eu só agüento a Curitiba de hoje porque tenho amigos criativos que estão sempre por perto!”
Projetos
Thadeu tem um novo livro de poemas pronto, cujo nome será Thadeu 3 ou Cri-me: “um libelo contra o ego”. A obra será lançada em breve no Rio de Janeiro, por Tavinho Paes.
Com Troy Rossilho e Luiz Felipe Leprevost, está compondo 12 músicas com pegada punk que eles chamam de “Canções de Guerra para Ogros Cantarem”.
Em 2012, será a vez das famosas “Novelhas”. “O dia que eu matei Wilson Martins” e “A vingança do povão”, épicos poéticos que Thadeu postou em seu blog, chegam em forma de livro.
O Língua Madura, colaboração com Bárbara Kirchner e Otávio Camargo, já é assunto para uma outra matéria.
Sobre sua produção incessante, explica: “a racionalidade é importante; mas, é apenas 50% do negócio. Sensibilidade e compaixão devem estar sempre ali, lado a lado”. E finaliza: “poeta de cabeça é um poeta sem cabeça!”
** Tradução do poema de Edgar Allan Poe por Antônio Thadeu Wojciechowski, Roberto Prado, Marcos Prado e Edilson Del Grassi. Publicado na revista Raposa, em 1985 e republicado em Os Catalépticos, Lagarto Editores, Curitiba, 1991.
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