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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Via Appia - Deadline - O fim da linha não chegou!

Uma grande banda de hard rock de Curitiba, tocava, compunha e escrevia letras em inglês, sob fortes influências das grandes bandas dos anos 70/80/90.

Deep Purple, Led Zeppelin, Van Hallen, Metallica, Stone Temple Pilots, Pantera, Helmet, Hard Rock, Metal, Rock Pesado, eram a praia da Via Appia.

Abilio Abreu, Paulo Vargas, Silvio Palmerini e Rodrigo Panzone, anos 90, os caras estavam tocando muito na cena da cidade, uma cena cover, mas que já fomentava grana, grana essa que os caras reinvestiam na banda, sem pretensão de nada, apenas fazer um som, sua grande paixão. Equipamentos bons, instrumentos bons e gravar eram os objetivos principais dessa galera e tocar, tocar muito, foda-se se os contratantes não pagassem, esperavam pacientemente, iam lá e recebiam depois seus cachês, mas queriam tocar e tocavam, muitoooo!!!!

Na extinta Estação Primeira, só se ouviam comerciais dos bares anunciando, nesta quinta, Via Appia, Gypsy Dream....blablabla.......eles estavam em todos os points de rock e metal da cidade, todos mesmo!

Cada um deles hoje segue seu rumo em esferas diferentes, mas nunca largaram seus instrumentos, Abilio Abreu, advogado e um guitarrista exímio, minucioso na escolha de timbres e sons, de sua guitarra fazia sons incríveis, timbres espetaculares, um cara dedicado, de talento nato, um dos músicos que acompanhou o Bicho do Paraná João Lopes em sua primeira incursão para o mercado externo (Suíça). Uma das guitarras mais competentes do hard rock de Curitiba. Na mesma época Abilio com a Via Appia e Edson Borth com a Gypsy Dream, ambos trilhando os caminhos do rock, metal, hard, influenciados até pelo grunge dos anos 90, foram músicos que marcaram uma grande fase na cidade. Todos queriam tocar como eles.

Paulo Vargas, hoje conhecido como Paulo Scudetto, vocal da estupenda banda de disco music "Nega Fulô", uma das bandas mais conhecidas da cidade, um sucesso mercadológico que ganhou o Brasil na linha disco, funk, dançante, quem diria, Paulo, influenciado pelo blues e pelas bandas pesadas, super eclético, mas um exímio cantor de potente voz, comparado aos vocais de Doro Pesch na revista Guitar Player nos anos 90. Via Appia era uma religião e não uma banda de rock, todos os dias estavam tocando, revezando-se nos antros do hard rock e metal de Curitiba, foi uma das bandas que mais tocaram nos anos 80/90 em Curitiba.

Silvio Palmerini, batera da Via Appia, uma persona muito engraçada, Silvio sempre com seu alto astral brilhante e sua porrada nos tambores que fizeram dele um batera muito requisitado pelas bandas de rock da cidade, versátil, Silvio também logo após decretado o “fim” do Via Appia, foi um dos membros fundadores da Nega Fulô. O Rock nunca deu dinheiro, sempre deu prazer a nós músicos, mas a grana estava ali, bastava fazer algo mais acessível, a Nega tinha esse apelo, uma banda que começou com 4 integrantes e chegou a ter 13 em cima do palco, era uma grande diferença, tocar em festas requintadas em eventos corporativos vendo o povo dançar e no rock só tocar em bar fedorento de cachaça, pra cabeludo suado ficar se debatendo, isso chapa o côco. Zito Bala como é mais conhecido pros íntimos era um cara espetacular, fazia a gente rir o tempo todo e num tinha tempo ruim pra ele.

Rodrigo Panzone, meu amigo geléia, um dos mais competentes baixistas da cidade, com seu Fender preto estraçalhava nas noites de rock da cidade, sempre muito contente também, alegre e risonho, tudo estava dez sempre pra essa galera, sem chance de reclamar de algo, era risada e festa, sempre rock do bom!

Rodrigo continuou sua saga na banda "Syd Vinicius" onde conquistou seu maior prestígio como compositor e músico, onde desenhou sua carreira entregando-se de corpo e alma ao projeto. Foi muito engraçado, na época o Syd se chamava "Gethsêmane" e Paulo Krefta baixista do Gethsêmane foi parar no Via Appia que mais tarde teve uma nova formação e foi pro festival Skol Rock sob a alcunha de "O CAROÇO" compondo músicas em português e um visual e direção totalmente diferente do Via Appia. Era Paulo Vargas no vocal, Emerson Antoniacomi nas guitas, Paulo Krefta no baixo e Silvio Palmerini na batera. E Rodrigo Panzone que era do Via Appia entra no lugar de Paulo Krefta no Gethsêmane que logo virou Syd Vinícius, uma banda respeitada e conhecida de Curitiba.

Esses quatro cavaleiros do apocalipse me seduziram com seu som. Sempre que via o Via Appia tocando na noite de Curitiba, eu percebia neles algo que nenhuma das outras bandas da cidade tinha, além dessa alegria constante e do prazer de tocar, eles eram todos muito competentes, compunham e escreviam muito bem o que os tornava uma banda de Hard Rock diferenciada. Entramos em Estúdio após alguns convites e bate papos sobre o assunto, tipo, iaew galera, vamos fazer um CD???

Era o sonho de toda banda que ralava nos guetos roqueiros de Curitiba, eles eram um dos poucos privilegiados que receberam um convite desses. Com 150 horas de estúdio, nasce o disco “Deadline” um classico com 12 músicas que seria o quarto lançamento oficial da Franzini Records, um selo novo, que conquistava a cidade e seus músicos pois era a única empresa que resolveu por a cara a tapa e acreditar nesses músicos dessa cidade louca chamada Curitiba. Até então ninguém ousava produzir CDs, uma mídia cara e que só as grandes gravadoras o faziam e todas elas no eixo Rio-São Paulo, cidades que jamais vieram perder seu tempo para conhecer nossos artistas, mas eu tava lá firme e forte acreditanto nesse "rock leite quente".

Pois bem, fizemos o disco, gravamos, produzimos, mixamos e ficamos 150 horas no estúdio Audio Digital do amigo Daniel Pessanha, grande persona e um dos técnicos de áudio mais competentes que Curitiba já teve, fizemos um grande disco, uma obra hiper-bem gravada, bem produzida, após masterizado, o disco congelou, o momento da cidade com o Rock estava totalmente falido, os bares, os shows, a estrada, tudo de repente caira numa “dormida de Cinderela” o que provocou um intervalo para o lançamento do disco, intervalo esse que nunca recebeu o beijo do príncipe para Cinderela acordar até os dias de hoje.

Ai entram problemas pessoais comigo, saindo de uma separação traumática, com astral em baixa e os contratos dos artistas da Franzini Records chegando perto de seu fim, de 8 artistas, 5 não quiseram continuar no selo, o momento atingiu a todos e o disco ficou engavetado, o projeto não saiu, tudo se modificou nessa cidade quando se falava do assunto RocknRoll. Tanto que grande parte das bandas dessa época acabaram, mudaram seu target, mudaram seus nomes e os músicos foram absorvidos pelo mercado cada um indo num rumo próprio e individual.

Mas isso teve um ponto positivo, hoje 12 anos após esse momento mágico que permeou nossos caminhos reencontro e converso com esses malucos, pois a internet e a tecnologia avançou, um dos motivos do disco ter sido congelado na prateleira, porém o mesmo problema que fez o disco ser engavetado nos permitiu com a tecnologia da net de nos reencontrarmos nas redes sociais, conversar, trocar infos e chegar a uma conclusão, esse disco precisa entrar no mercado!

Como todo bom “momento histórico” Curitiba tem esse disco gravado e guardado a sete chaves e uma possível reunião do “VIA APPIA” traria de volta a chama de lançar esse material, um sonho de todos que fizeram essa super produção que ninguém ousara fazer. O registro foi feito, está nos anais do rock Curitibano e está prestes a transformar-se em algo físico, real, da história de nossas mentes, do papel e das “masters de estúdio” um marco na história do rock Curitibano está prestes a ebulir e eclodir de sua casca dura. Preparem-se “Deadline” agora deixa de ser um “morto” e renasce das cinzas. Alguns sons já poderão ser conferidos a partir desse dia 20 de dezembro de 2011 na Rádio Música Curitibana e Curitiba a cada dia vai revelando suas faces, sua história ligada ao rock e põe em evidência, músicos, produtores, estúdios que fizeram a história desta cidade.

Aguardem pois a surpresa será ótima para todos!

Texto por Rogério Franzini.

2 comentários:

  1. Essa banda sempre foi foda galera! Hoje ela é atual imaginem o quanto ele era "avançada" nos anos 90!!!!!

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  2. Que saudades! Era um momento apaixonante. Me emocionei com o texto.valeu Rogério

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