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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

MÃOS À OBRA!



Parece que aquela nostalgia brega e deprimente em torno dos anos 80s está finalmente passando. Mas o que aconteceu de interessante naquele período no Brasil? Fim da ditadura, morte do Tancredo e posse do Sarney. Depois do bigode, a única coisa que lembro do Ribamar é que ele proibiu o país inteiro de assistir um filme de Godard. Aliás, Zé Sarney, além de mandar num dos estados mais miseráveis da nação, pertence à academia brasileira de letras. Que espécie de gente eles admitem lá?
O “revival” oitentista refere-se primordialmente à música da época. Gente horrorosa como Sérgio Malandro, ex-Paquitas e até Gretchen ganharam uns trocados a mais nessa onda. Mas, os 80s foram os anos de ouro do rock nacional. O que bandas como Titãs, RPM, Kid Abelha, Paralamas, Barão Vermelho, Blitz, Legião Urbana, Capital Inicial et caterva têm em comum, exceto o fato de eu não gostar de nenhuma delas? Todos os seus integrantes são oriundos da classe média alta. Filhos de políticos, empresários, embaixadores, oficiais da aeronáutica e por aí vai. Sintomático, não? Será que o sucesso dos roqueiros brasileiros daquele período está diretamente relacionado ao poder aquisitivo de suas famílias? Penso que sim.
Desta leva, um dos poucos que merece consideração é o Lobão. Culto e polêmico, falastrão e provocador; só que a afetação anfetamínica do cara nos últimos tempos, talvez relacionada ao lançamento de sua autobiografia, foi além da dose suportável.
Entretanto, os acima citados pelo menos fizeram sucesso e obtiveram reconhecimento.
Então, por que a jovem classe média alta curitibana, a exemplo das colegas brasiliense, paulistana, carioca e até porto alegrense, não se deu bem no ramo do rock lá nos anos 80s? Mezzo incompetência, mezzo chega de brincar de rock que minha mãe está chamando. Ponto.
Curitiba perdeu a identidade porque pulou uma fase fundamental para a cultura de qualquer cidade moderna: o cosmopolitanismo. Da agradável e bucólica província daltoniana que abrigava a intelectualidade toda dentro de um vagão transformou-se na cidade dos shoping e condomínios; apenas os inabaláveis quero-queros dão um ar nostálgico ao seu estruturalismo lerneriano. O clichê impera!
Está na hora de arregaçar as mangas e reverter a situação!

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